Groenlândia rebate ameaças de Trump: ‘não estamos à venda’
Republicano reafirmou ideia de anexar ilha durante discurso no Congresso dos EUA
O primeiro-ministro da Groenlândia, Múte Bourup Egede, rebateu a nova ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e disse nesta quarta-feira (05/03) que a maior ilha do mundo não está “à venda”.
Isso por que Trump voltou a reclamar sobre a anexação da ilha. Embora dissesse que “apoiava o direito da Groenlândia determinar seu próprio futuro”, afirmou que assumirá o controle da ilha “de uma forma ou de outra”. Voltou a dizer que a ilha é vital para a “segurança nacional e até mesmo internacional”.
A fala de Trump deixou aberta a hipótese de uma intervenção militar para tomar o território, hoje pertencente à Dinamarca. “Precisamos da Groenlândia para a segurança nacional e até internacional e estamos trabalhando com todos os envolvidos para obtê-la. E acho que vamos pegá-la. De um jeito ou de outro, vamos pegá-la”, afirmou o republicano ultradireitista
O premiê dinamarquês, por sua vez, publicou um texto no Facebook em que garante que a Groenlândia “não está à venda e não pode simplesmente ser tomada”. “Não somos americanos e não somos dinamarqueses porque somos groenlandeses. O futuro do país será determinado por nós”, escreveu.
Já o ministro da Defesa da Dinamarca, Troels Lund Poulsen, descartou a hipótese dos EUA anexarem a Groenlândia. “Não vai acontecer. O caminho da Groenlândia será escolhido pelos groenlandeses”, salientou.
Trump discursa no Congresso
Trump proferiu na noite dessa terça-feira (04/03) o mais longo discurso já feito por um presidente na sessão conjunta que reúne os três poderes uma vez ao ano no Capitólio.
Ao todo, Trump falou uma hora e 42 minutos, fazendo um balanço dos primeiros 43 dias de seu governo. Alguns jornais da imprensa internacional compararam a um discurso de campanha e outros a um um show de televisão.
O presidente foi interrompido diversas vezes por aplausos dos republicanos e algumas vaias dos democratas, boa parte dos quais preferiu não assistir ao discurso.
Discurso inclui notícias falsas
O jornal britanico The Guardian destacou as informações falsas do discurso de Trump. Ele disse que os Estados Unidos deram US$ 350 bilhões à Ucrânia desde o início da guerra enquanto a Europa teria dado US$ 100 bilhões.
Segundo o Instituto Kiel para a Economia Mundial, os Estados Unidos gastaram cerca de US$ 120 bilhões nessa guerra e a União Europeia (UE) quase US$ 138 bilhões (sem contar países europeus não membros da UE, como Reino Unido).
Ele também alegou que impediu o desembolso de US$ 45 milhões para bolsas de estudo de diversidade, equidade e inclusão na Birmânia. Não existem tais bolsas. O que existe é um projeto para educar estudantes birmaneses que lutavam pela liberdade contra a ditadura militar em seu país. Como a ditadura explora divisões étnicas e religiosas, o projeto especificava que seriam estudantes de “origens diversas”.
Trump também afirmou que o banco de dados da Previdência Social incluía milhões de pessoas com mais de 110 anos como beneficiárias de aposentadoria. A verdade, segundo o Guardian, era que faltavam registros de óbitos de milhões de falecidos, mas os pagamentos eram feitos apenas para 13 milhões de pessoas com 112 anos ou mais.
Trump também disse que o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), comandado por Elon Musk, havia “descoberto centenas de bilhões de dólares em fraudes”. O exemplo mais chamativo, que eram U$ 50 milhões gastos em preservativos para Gaza, mostrou-se falso.
Uma pesquisa do New York Times revelou na segunda-feira (03/02) que as publicações do DOGE documentavam menos de US$ 9 bilhões economizados em contratos governamentais cancelados, nenhum dos quais envolveu fraude.
Fonte: Opera Mundi