Cidade que elegeu única prefeita indígena do Brasil tem 88% da população indígena
População de Marcação, localizada no Litoral Norte da Paraíba, tem a maior proporção de indígenas da Paraíba e uma das 10 maiores do Brasil.
Marcação, no Litoral Norte da Paraíba, elegeu a única mulher indígena prefeita no Brasil e uma Câmara formada só por indígenas. No último Censo do IBGE, 88,08% dos residentes na cidade se declararam como indígenas, a maior proporção da Paraíba e uma das 10 maiores do Brasil.
A candidata Ninha (PSD), do povo Potiguara, foi eleita, no último domingo (6), com 76,79% dos votos válidos. Ela derrotou na disputa Angélica Barreto (Republicanos), outra candidata indígena da mesma etinia. Angélica conquistou 23,31% dos votos válidos, o que corresponde a 1.496 votos.
Outra curiosidade com relação à cidade é que todos os nove vereadores eleitos são indígenas. Compõem a Câmara Municipal de Marcação cinco homens e quatro mulheres, sendo que apenas três deles foram reeleitos. A renovação, assim, foi de 33,3%. Nas eleições de 2020, oito dos nove vereadores eleitos eram indígenas.
A maioria dos vereadores eleitos em Marcação são do PSD, o mesmo partido da prefeita Ninha. A Câmara Municipal da cidade, a partir de 2025, terá também vereadores do Republicanos e União Brasil.
Cidade mais indígena da Paraíba
Marcação é a cidade com maior proporção de indígenas da Paraíba, 88,08%, de acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em seguida vem Baía da Traição, com 86,6%. Os dois municípios estão entre as 10 cidades mais indígenas do Brasil, os únicos fora da região Norte.
O município de Marcação tem 8.999 moradores. Desse total, segundo o Censo 2022 do IBGE, 7.926 pessoas são indígenas, o que corresponde a 88,08%.São 11 aldeias indígenas Potiguara: Brejinho, Tramataia, Jacaré de Cezar, Jacaré de São Domingos, Estiva Velha, Caieira, Lagoa Grande, Ybykûara (antiga Aldeia Brasilia), Boa Esperança, Carneira, Camurupim, Grupiuna e Três Rios.
Entre esses moradores, está a dona de casa Denise Silva. À TV Cabo Branco, ela disse que espera melhorias na saúde.”A saúde para as crianças, né? Para os meus filhos, queria que a cidade mudasse, tá entendendo?”.
Desafios na educação
Maurício Bezerril elogiou a educação de Marcação, mas ressaltou a importância de professores qualificados. “A educação tá muito boa, eu venho acompanhando de perto os professores dos meus filhos, né, e eles estão bem representados, mas assim, cada dia mais com um professor mais qualificado, né? Porque só quem ganha é eles”.
Segundo o IBGE, o analfabetismo entre indígenas na Paraíba caiu nos últimos anos, mas ainda há muito o que melhorar. Entre 2010 e 2022, taxa de alfabetização das pessoas indígenas com 15 anos ou mais de idade no estado cresceu 7,4%, tendo passado de 73,8% para 81,1%, respectivamente. Esse crescimento foi superior ao verificado em nível estadual, que passou de 78,1% para 84%, respectivamente.
Mesmo assim, a taxa de analfabetismo entre os indígenas na Paraíba, 18,9%, ainda é maior do que a média geral estadual, 16%.
O plano de governo da prefeita Ninha (PSD) inclui, entre as propostas para a educação, capacitação de professores, combater a evasão escolar, estimular educação atrelada a cultura indígena nas escolas da rede municipal, assim como um curso pré-vestibular em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Fonte: g1