COP30 será marcada pelos 10 anos do Acordo de Paris
Tratado contra o aquecimento global alcançou avanços na governança climática, mas enfrenta desafios na implementação das suas metas. A 30ª Conferência do Clima é considerada momento crucial para definição de novas NDCs
Para a especialista em mudanças climáticas a COP30 chega com uma efeméride e uma série de desafios, “para saber se esse modelo de negociação climática se sustenta”. “São 30 anos de COPs e 10 anos do Acordo de Paris. Então, é um teste para saber se a única forma que a gente encontrou até agora de lidar com o aquecimento global vai resistir a esse momento crítico geopolítico”, comentou Salomon, em conversa com a imprensa, intermediada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
O tratado internacional firmado em 2015, definiu o compromisso de manter o aumento da temperatura média global “bem abaixo de 2°C” em comparação com os níveis pré-industriais, com esforços para limitar a elevação a 1,5°C. No entanto, em 2024, o planeta ultrapassou, pela primeira vez, esse limiar. No ano passado, a temperatura média global foi 1,6 °C mais quente do que o período antes da queima de combustíveis fósseis em grande escala.
Para Daniel Caiche, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em mudanças climáticas e mercado de carbono, o Acordo de Paris conseguiu estabelecer um consenso político inédito em torno da urgência da crise climática. No entanto, as emissões globais continuam altas e o aquecimento ultrapassa os limites estabelecidos. “Esses avanços institucionais não foram acompanhados da velocidade e da escala de implementação que a ciência climática aponta. Esse cenário coloca em risco o limite de 1,5°C, que é fundamental para evitar impactos mais extremos”, afirmou.
O fato de a temperatura global ter ultrapassado o limite de 1,5°C é um sinal de alerta importante, segundo o especialista. “Esse limiar não é apenas simbólico, ele marca uma fronteira crítica em termos de impactos climáticos. Atingir ou ultrapassá-lo com frequência significa mais riscos, cenários imprevisíveis, eventos extremos, prejuízos à produção agrícola, perda de biodiversidade e mais pressão sobre populações vulneráveis”, apontou.
Esse cenário, para Caiche, escancara uma fragilidade do Acordo de Paris e impõem desafios para a conferência sediada no Brasil. “Apesar de ser um acordo com metas ambiciosas, ele depende de compromissos voluntários e da capacidade de implementação de cada país. A lacuna entre o que foi prometido nas NDCs e o que realmente está sendo feito é grande, e o tempo está ficando curto”, disse.
As NDCs são um ponto de partida para a ação climática global, com a necessidade de uma maior cooperação entre os países para alcançar os objetivos do Acordo de Paris. Por isso, a COP30 é considerada um momento chave para avaliar os avanços do tratado, ajustar as metas e fortalecer as parcerias internacionais.
Fonte: Correio Braziliense