Chile acolheu o Congresso Internacional de Territórios Indígenas
Mais de 100 líderes indígenas se reuniram na localidade de Curare, localizada na cordilheira chilena, para debater no que foi o Primeiro Congresso Internacional de Territórios Indígenas de Conservação.
Líderes indígenas de territórios como os Arahuaco da Serra Nevada na Colômbia, Shuar da Amazônia do Equador, Wachiperi do Peru, Aymaras dos Altos Andes e representantes de diferentes territórios do povo mapuche se encontraram para discutir soluções comuns para problemas compartilhados.
A líder mapuche, Javiera Millanken, disse à teleSUR que seu povo entende que, “apesar de a palavra conservação ser uma palavra huinca (não pertencente ao povo mapuche), nós entendemos que a conservação requer nossa sabedoria, porque é mútua”.
De acordo com a correspondente da teleSUR no Chile, Paola Dragnic, “eles e elas, que não são huincas ou brancos da cidade”, e que conseguiram viver em harmonia com o meio ambiente, centraram seu encontro na ideia de que a conservação “só pode ocorrer em territórios sob uma governança indígena”.
“Justamente a espiritualidade, ou o exercício do direito à nossa espiritualidade, é o que orienta a defesa principalmente […] contra as várias ameaças causadas por projetos extrativistas”, destacou Lautaro Melia Arias, outro dos participantes.
Arias acrescentou que eles exercem “a conservação biológica dos espaços” que consideram “de alta relevância”.
A esse respeito, Regina Carinao, que também esteve presente no encontro indígena, descreveu o evento como uma “experiência muito bonita”. “Tomara que houvesse muito mais desses encontros”, afirmou.
No congresso, também se destacou o tema da vida em comunidade. Esta é uma característica fundamental dos povos originários que o capitalismo extrativista tem violado.
“O bem-viver de nossos povos tem que voltar a ser uma parte primordial da nossa existência, porque não podemos continuar sustentando a luta se nosso povo não está em um bom viver, e isso se alcança levantando propostas a partir do território, articulando-se com outros territórios e fortalecendo também várias iniciativas que estão em nível local”, indicou Beatriz Chocori, outra participante.
Josefina Tuti, dos territórios Tica do Equador, acrescentou que “a biodiversidade também tem os mesmos direitos, porque é ela que sustenta o planeta”, afirmando que “devemos reconhecer que os seres humanos não estão sustentando o planeta, mas sim a biodiversidade, a floresta, as cordilheiras, o mar; são eles que sustentam o planeta”.
Fonte: TeleSur