O lago sempre esteve ali
O lago é um dos temas de uma série de texto incríveis, numa parceria entre o Correio e IHGDF, sobre memórias de Brasília — um dos projetos para marcar o nosso aniversário conjunto
Lendo um dos artigos que o jornalista Jorge Cartaxo e a arquiteta Lenora Barbo, diretores do Instituto Histórico e Geográfico do DF, começarão a publicar no Correio a partir da próxima semana, deparei-me com a frase “O lago sempre esteve ali, como referência e lugar”. O lago é um dos temas de uma série de texto incríveis, numa parceria entre o Correio e IHGDF, sobre memórias de Brasília — um dos projetos para marcar o nosso aniversário conjunto — Brasília, o Correio e o Instituto fazem 65 anos juntos.
Sim, o lago está ali há muito tempo, antes de existir, antes de ser sequer projeto, como um ponto marcado no mapa e na história rudimentar de Brasília. Eu me lembro de histórias sobre o Lago Paranoá contadas pelo meu saudoso amigo Ari Cunha, na sua coluna Visto, Lido e Ouvido.
Ari estava em um grupo de jornalistas e gráficos que chegaram a capital nos primórdios, quando tudo era barro, e se tornou um exímio cultivador da memória de Brasília — assim como o faz Francisco Lima, que está no nosso CEDOC há mais de três décadas, incorporando Assis Chateaubriand vivamente ao ativar o botão que interliga cultura, memória e jornalismo. Vem projeto dele em breve e vai ser lindo (Abro um parêntesis: assisti ao musical sobre Chatô, no Rio, e fiquei impactada com essa dimensão cultural da biografia de Chatô. Em junho, o espetáculo terá sua estreia em Brasília e eu sugiro que não perca).
Voltando ao lago, queria compartilhar que o lago ganhou vida nova para mim quando comecei a frequentá-lo em vez de apenas admirá-lo. Há algum tempo, passei a deslizar nele na cadência de uma canoa havaiana, construindo ritmo e movimento para o meu corpo e mente na companhia de uma gente muito especial. A canoa tem me ensinado muito e não se embarca nela sozinho. Cada um faz sua parte para que possamos seguir juntos.
Uma das pessoas comigo nesta jornada é Verinha,Vera Tavares de Campos Carneiro, bióloga carioca, canoeira do Paranoá desde 2018, morada da capital desde 1970, que nesta semana apresentou aos colegas do Clube de Remada Kaluanã a sua primeira canoa. “Me dei de presente de 70 anos — como prova de afeto a mim e respeito à vida.” Arrepiei. A canoa desafia e ensina a gente o tempo inteiro — e promove encontros.
Meu encontro com as águas do Paranoá tem sido um presente e só não lamento tê-lo descoberto tão tarde porque sei que as coisas chegam no tempo certo. Só não posso deixar de convidar a cada um a partilhar comigo o nosso lago. Tem sido libertador remar no Paranoá e também é uma oportunidade de apreciar as nuances do céu de Brasília sob um ângulo muito privilegiado.
Não tarde a conhecer. Aproveite o aniversário da capital para descobri-la também por este ângulo. Depois, quero cartas contando suas experiências por lá. Vamos amar recebê-las aqui. Quem sabe não daria mais uma série muito interessante — de leitores para leitores?
Fonte: Correio Braziliense